Por Que Não Me Entregar Pra Quem Não Faria Isso Por Mim? 

Por Que Não Me Entregar Pra Quem Não Faria Isso Por Mim?

Seja honesto: quantas vezes você já se jogou de cabeça em um relacionamento—amigo, amor ou parente—e sentiu que levou um belo tibum na piscina vazia? Pois é, meu caro leitor, essa sensação de dar o coração numa bandeja de prata e receber em troca algo que parece mais com uma banana amassada não é novidade. Abrir a porta das suas vulnerabilidades para quem não está disposto a sequer colocar o pé no tapete de boas-vindas é como entregar o segredo do cofre para alguém que só quer usar as moedas para comprar chiclete. No final, quem paga a conta emocional é você. E acredite: custa caro.

O problema

Há um problema universal na matemática dos sentimentos: quando você dá demais para quem não retribui, o saldo não só fica negativo como vira uma dívida emocional acumulada com juros exorbitantes. Ao compartilhar suas vulnerabilidades com a pessoa errada, você está, basicamente, oferecendo munição para alguém que pode usar isso contra você. Vamos ser realistas: nem todo mundo é digno de ouvir seus medos, seus traumas ou aquela história constrangedora da vez que você chorou no meio do supermercado porque o queijo estava em promoção. Há pessoas que vão te ouvir com um sorriso simpático, mas, na primeira oportunidade, vão espalhar seu momento de fraqueza como quem distribui panfleto na rua. O custo disso? Um bilhete direto para o inferno da ansiedade.

E falando em ansiedade, ela é uma amiga muito íntima da desilusão. Quando você confia em quem não merece, a traição não é só uma ferida; é uma avalanche. De repente, você começa a questionar todos os seus relacionamentos. É como se seu cérebro fosse um detetive paranóico, sempre à espreita de sinais de que alguém vai te trair ou abandonar. Isso pode levar a um ciclo de apego ansioso e dependência emocional que, convenhamos, é mais tóxico do que aquelas mensagens “Ei, sumido” que chegam de madrugada.

Apego ansioso

Esse apego ansioso não só prejudica sua saúde mental, mas também afeta a qualidade de todos os seus relacionamentos. Você começa a agir como se cada pessoa fosse um potencial vilão da novela da sua vida, sempre buscando garantias de que não será traído. Garantias, aliás, que são tão inexistentes quanto a fila vazia do banco em dia de pagamento. No fim, você se torna uma versão mais frágil e desconfiada de si mesmo, gastando uma energia absurda para manter uma segurança que ninguém pode realmente prometer.

E o que dizer da nossa sociedade atual, que parece estar numa busca incessante pela dopamina barata? Entre likes, fofocas e mensagens vazias, muitas pessoas priorizam prazeres rápidos e descartáveis ao invés de construir conexões verdadeiras. E é aí que mora o perigo de se entregar para quem não faria o mesmo por você. Em um mundo em que muitos parecem mais preocupados em acumular histórias para contar do que em realmente viver momentos significativos, não é surpresa que as relações humanas se tornem cada vez mais superficiais. A fofoca, por exemplo, virou quase um esporte olímpico. Quem nunca confiou um segredo a alguém e, dias depois, ouviu sua própria história recontada por terceiros, com direito a edição e exagero, que atire a primeira pedra.

O reconhecimento

Por isso, é essencial reconhecer que as pessoas em quem você pode confiar realmente são poucas, daquelas que cabem nos dedos de uma mão. Identificar quem são essas pessoas é uma habilidade que se adquire, muitas vezes, com cicatrizes emocionais. Mas, se você puder evitar aprender isso da maneira mais difícil, ótimo. Sua paz mental agradece.

E sabe qual é o antídoto para essa equação desastrosa de entrega unilateral? Equilíbrio. Cuidado com o excesso de entrega. Nem tudo o que você sente precisa ser dito para todo mundo, nem todo sorriso amigável significa que alguém está do seu lado. Aprender a dosar sua vulnerabilidade é como aprender a cozinhar: você não despeja todo o sal de uma vez só na panela, porque o estrago é irreversível. Você tempera aos poucos, experimenta, ajusta conforme o gosto. Assim também é com as pessoas. Compartilhe um pouco, veja como a pessoa reage, perceba se ela retribui, se valoriza, se está ali com você, ou se só está esperando a oportunidade de sair correndo com o seu “tempero”.

Enfim..

Resumindo: amar e confiar são atos corajosos, mas precisam ser direcionados a quem merece. Então, antes de se entregar, pergunte a si mesmo: “Essa pessoa faria o mesmo por mim?” Se a resposta for um silêncio constrangedor ou um “talvez” hesitante, dê um passo atrás. No fim das contas, cuidar do seu coração não é egoísmo, é sobrevivência emocional. E lembre-se: piscina vazia não é lugar para pular de cabeça.

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